Retirado de: http://www.ippolita.net/pt-br/no-aqu%C3%A1rio-do-facebook
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No Aquário do Facebook
Facebook terá em breve um bilhão de usuários. Sua entrada na Bolsa de Valores foi um dos eventos financeiros mais debatidos na última década. O Facebook (FB) encarna o Zeitgeist: a propagação da informática da dominação aplicada à engenharia social. Seu papel na esfera social é comparável à função que o Google desempenhou no âmbito do gerenciamento do conhecimento humano: o Facebook passa a ilusão de que a informática pode nos fornecer acesso neutro e organizado ao conjunto de relações e informações que compõem o que nos chamamos “a rede”. Se o Google distribui verdade, o Facebook gerencia relações. Tudo para o beneficio da humanidade, da sociabilidade e do compartilhamento. Em nome da liberdade de informação. Uma liberdade automática garantida pela máquina. A liberdade de uma sociabilidade crescentemente mecanizada. Mas qual é a ideologia que se esconde por trás deste estandarte da liberdade? O Facebook é um mecanismo extraordinário que permite que seus proprietários lucrem com qualquer micro-movimento conduzido na sua plataforma. Sob a ilusão do entretenimento, todos nós estamos trabalhando para a vasta expansão de um novo tipo de negócios: o negócio das relações sociais. Como qualquer outro tipo de rede social privada, o Facebook não é, de fato, gratuito. A moeda de troca somos nós mesmos. A singularidade que faz com que cada pessoa seja única. O avanço da doutrina de transparência radical está rapidamente nos conduzindo a uma distopia que simultaneamente nos remete a Huxley e Orwell. Mas é uma transparência orientada à máquina – diga tudo sobre você mesmo e será livre, até de seus desejos. Algoritmos se responsabilizarão pela seleção e escolha dos produtos de consumo feitos exatamente para você. Assim como na cultura in vitro, uma porção da humanidade foi reunida perante as lentes do Facebook para ser segmentada e transformada em bens preciosos. Voluntariamente, estamos nos submetendo a um imenso experimento social, cultural e técnico. No presente livro, o grupo de pesquisa italiano Ippolita percorre os bastidores do Facebook, questionando – com uma metodologia multidisciplinar – sobre as origens, os objetivos e a visão de mundo promovida pela nova estrela do turbo-capitalismo. O anarco-capitalismo é um marco cultural que nos permite conectar a nova geração de empreendedores californianos adeptos do capitalismo sem regras com novos fenômenos político-sociais como o Partido Pirata europeu e o Wikileaks. O livro destaca como os algoritmos usados para publicidade personalizada – utilizada por empresas como Facebook, Google, Apple e Amazon – são os mesmos que governos despóticos usam para repressão personalizada. A fé cega neste tipo de tecnologia oculta um projeto opaco de dominação da lógica da “Transparência Radical”. Estamos enfrentando uma distopia tecnológica capaz de combinar a lobotomia emocional do consumismo ilimitado de Huxley com a paranóia repressiva do controle Orwelliano. Tudo isso em nome da liberdade do capital.
FAR WEST DIGITALE.
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